Família Arco-Íris



No começo desse ano, fiz uma viagem de barco de Santarém, no Pará até Manaus, No Amazonas, onde conheci uma menina muito legal dos Estados Unidos chamada Sarah. Como a viagem durou três dias inteiros e estávamos num mini-barco de dois andares, sem muito o que fazer, conversamos bastante. Foi ela que me falou sobre o “Rainbow Family”, um grande festival que reúne pessoas de culturas alternativas do mundo todo, em diversos lugares do globo.
Curiosa que sou, cheguei em casa e fui direto pro Google. Descobri o seguinte:
O Rainbow Gathering como é conhecido, existe há 39 anos e tem como objetivo reunir pessoas de diferentes culturas e pensamentos interessadas em uma nova vivência, completamente a parte da sociedade capitalista tradicional, “fora da Babilônia”, como definem os participantes.
Os encontros chegam a reunir cerca de 30.000 pessoas e predominam em sua filosofia, conceitos de paz, amor, harmonia e liberdade.
Li uma matéria da revista Trip que os definiam como os maiores encontros hippies do globo. Como não sou muito chegada à rótulos, discordo. Até porque, afinal , o que é ser hippie, hoje em dia? – A resposta para essa pergunta será encontrada em outro post, em breve -.
Mais do que um encontro hippie, prefiro defini-lo como uma reunião de pessoas com formas de pensar e agir alternativas, que incluem entre outras coisas, mochileiros do mundo inteiro e até crianças e cachorros.
São realizados em grandes campos abertos e pitorescos que podem variar da Nova Zelândia à Pensilvânia.

O Rainbow não é apenas um encontro. Existe uma cultura Rainbow que é aplicada durante o evento que dura 4 luas, aproximadamente um mês. 

Durante esse período, os participantes são convidados a deixar de lado certos hábitos da vida moderna, como por exemplo, a individualidade. Tudo é feito em grupo, inclusive a comida. São construídas cozinhas comunitárias, onde o principal tipo de alimento é o vegetariano. Embora, em alguns encontros, existam campos de carne. Outra característica é a quase ausência do dinheiro, como moeda de valor. Tudo funciona na base da troca, em grandes rodas onde você pode negociar com os outros “irmãos”, coisas das quais necessite. O único momento em que se vê dinheiro, é quando se passa o Chapéu Mágico, onde você pode, se quiser, depositar qualquer quantia que lhe convenha. Se não tiver nada, um beijo o um sorriso para o chapéu também valem. Outra forma de colaborar, é cozinhando ou construindo as estruturas do  festival como fogões de barro e banheiros secos.
Outras curiosidades: O Rainbow é uma espécie de anarquia organizada. Não há líderes definidos. E como um encontro de milhares de pessoas pode funcionar sem liderança? Você pode se perguntar.
Bem, existem reuniões, grandes círculos de fala, onde as pessoas discutem o que será feito e para dar sua opinião, você recebe o bastão da fala e depois o passa adiante. E há focalizadores, pessoas responsáveis por organizar as reuniões, mas que raramente intervêm no que está sendo discutido.
 Teoricamente, não é permitido álcool, drogas e cigarros industrializados durante os encontros, embora em alguns, existam A- Camps, ou seja, campos em que o uso de álcool é permitido.
Para se ter a permissão de realizar um evento como esse em lugares abertos, o uso de drogas é proibido, mas mesmo assim, a maconha é largamente utilizada e no último encontro na Nova Zelândia, muitas pessoas foram vistas usando LSD na virada do ano. De qualquer forma, o evento é absolutamente democrático e tudo o que é feito lá, parte de uma escolha absolutamente pessoal.
Pessoas mais velhas não são muito comuns, isto porque, a idéia é que você passe pelo festival, aprenda e depois de um tempo saia para por em prática os ensinamentos, seja fundando ou indo morar em comunidades alternativas, seja aplicando isso na sua rotina. É claro, que há os que passam a vida inteira indo de um Rainbow a outro sem nunca parar. Mas eles não são a maioria.
A higiene é outro ponto polêmico, pois muitos participante evitam banhos com o uso de sabonetes e shampoo, o que depois de quase um mês, pode ser um problema para os olfatos mais sensíveis.
De resto, o Rainbow proporciona às pessoas, momentos agradáveis com muita música, oficinas, yoga, reflexão, ensinamentos, conhecimento pessoal intenso e muitas descobertas, afinal não é todo dia que sem a oportunidade de se conviver com 30000 pessoas do mundo inteiro. Quem já foi, afirma que a experiência é única.

Para participar não precisa pagar entrada. Basta levar suas coisas dentro de uma mochila, uma barraca, comida para contribuir com a cozinha e coração e mentes abertos para novos aprendizados.
Como li no site do encontro, “traga coisas boas. Você ficará surpreso de que o que você realmente precisa é na verdade muito pouco. Traga amor, abraços e boas energias e o mais importante: traga você mesmo”.
Confesso que desde a conversa com a Sarah, fiquei morrendo de vontade de ir.  O próximo encontro mundial será na Argentina, entre os dias 4 de março e 3 de abril deste ano. O problema, é que assim como no ENCA – encontro parecido que ocorre no Brasil- é difícil achar informações com antecedência. E por isso, ninguém tem certeza, se o evento vai sem em Mendonza, Córdoba ou em outro lugar. Certeza mesmo, só o país.
 
Ficou interessado?  Procure Rainbow Gathering no Facebook ou acesse o site do evento. Como estou com problemas para colocar links no post, os endereços estão aí ao lado.


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