Quem é o viajante do século XIX?


A princípio são eles: militares, marinheiros, mineradores, exploradores que penetram na África para produzir conhecimento que permita aos europeus explorar melhor o continente. Exploradores que vão mergulhar na Ásia, nas Américas. Gente que vai se aventurar em minas longínquas em lugares como o Alaska, por exemplo. Existem também os cronistas, como Joseph Conrad, Jack London e Mark Twain.
Mas esses são a minoria. A grande parte da população mundial estava fixada, e não conhecia o mundo. Isso vale até os dias de hoje. A maior parte das pessoas ainda vive assim: pouco se desloca, e quando o faz, o faz por necessidade, salvo umas poucas viagens em que o ambiente familiar é recriado: hotéis padronizados, serviços de guias que falam a língua do viajante, viagens em grupo com gente da mesma região de origem. O que muda apenas são os cenários. Esse é o turista, o tipo de viajante que nunca será mochileiro, produto da revolução industrial e que viaja saindo o mínimo possível da sua zona de conforto.
Mas este século também foi responsável por criar outros tipos de viajantes.
A crise dos anos 30, ou Grande Depressão, por exempo, fez surgir o hobo, um sem teto itinerante. Representado muitas vezes como um mendigo carregando um trouxa pendurada num bastão. O que é um engano, pois existe uma cultura hobo. A grande depressão jogou milhares deles às ruas. Sem ter onde morar, procurando trabalhos, biscates, viajando pegando carona em trens, eles desenvolveram uma ética própria.
Outro tipo que surge no pós-guerra é o chamado “cidadão do mundo”, mas que na verdade trata-se de grupos de altos executivos que flanam ao redor do mundo, a trabalho. Sempre usam o mesmo tipo de estrutura: hotéis coma infra-estrutura necessária aos negócios e pequenos mimos. Esses hotéis possuem redes com unidades ao redor do mundo. Viaja-se para lugares diferentes e fica-se sempre no mesmo lugar. Os hotéis são iguais, a língua falada é apenas o inglês, os bares freqüentados e os restaurantes servem a “comida internacional”.
Assim como os mochileiros, esses grupos surgem como reflexo de um tempo em que mudanças sociais e econômicas profundas alteraram o rumo da sociedade.
(As informações deste post foram retiradas de um ensaio publicado no site mochileiros.com)
0 Responses

Postar um comentário