Afinal, o que é um mochileiro?




Antes de qualquer coisa, é importante esclarecer que existem vários tipos de mochileiros. Cada um tem sua forma de conduzir a viagem e seu objetivo pessoal. Portanto, não tenho a intenção aqui de criar um estereótipo. No entanto, existem algumas características comuns a todos eles e é delas que pretendo falar, apenas para termos um ponto de partida.
O mochileiro é incomum. Meio nômade, meio louco, conforme pensam alguns. Possui uma inquietude que não consegue dominar e que não lhe permite ser encaixado dentro da sociedade tradicional. Existe sim, algo no seu DNA e na sua forma de pensar que o diferencia dos demais. E isso é fato.
Ele precisa de movimento. Simplesmente não consegue se adaptar ao sedentarismo, à rotina do dia-a-dia. Sua curiosidade o impulsiona a seguir, a sair da zona de conforto que abraça e escraviza a maior parte das pessoas.
O desafio o atrai. Ele tem muito que conhecer. Então acaba se viciando em novas sensações. Precisa ver, conhecer pessoas, comer, cheirar, falar novas línguas, aprender, sentir,absorver sensações, se apaixonar, se decepcionar, para em seguida se apaixonar de novo. E tem que ser tudo ao mesmo tempo. E tem que ser já, agora!
Essa história de economizar o ano inteiro pra passar 15 dias fora hospedado em hotéis, fazendo passeios com agências de turismo e olhando paisagens de ônibus e vans simplesmente não é a dele.
Mochileiro não é muito chegado a regras e limites. Viaja geralmente só. Às vezes até em pequenos grupos, desde que tenha a liberdade de fazer o que quer e que possa se desgarrar dos companheiros quando for preciso.
Mochileiro é independente. E não se trata apenas de independência financeira. Até porque viajar com dinheiro nem sempre é uma regra. Às vezes viaja-se apenas com a criatividade. E se vai muito longe dessa forma. A independência do mochileiro tem algo mais. É liberdade de pensamento e de ação.
Quem se aventura a sair de casa com uma mochila nas costas sem um roteiro certinho com data de ida e volta e sem saber onde vai dormir, comer ou estar no dia seguinte o faz por ter confiança em se virar sozinho. Aprende a pensar, a decidir, a não desrespeitar suas vontades e principalmente a conhecer seus limites.
Viajar de mochilão tem muito isso de sacar seus próprios limites. É saber que se você gastar demais comprando besteiras talvez falte amanhã pra algo mais importante. Se você beber demais, talvez não tenha quem te leve pra casa. Se você for mulher e sair por aí a noite sozinha em terra desconhecida corre o grande risco de ser assaltada ou coisa pior.
Quando toma consciência disso, o mochileiro se diferencia dos outros. Se diverte mas não é deslumbrado. E sabe exatamente onde está pisando. Precisa saber.
Sobretudo, mochilar é uma busca interior pelo equilíbrio. Pelo autoconhecimento, por novas lições aprendidas com pessoas que cruzam o seu caminho, é a busca por coisas que você jamais aprenderia se estivesse em casa assistindo tevê no seu quarto com ar-condicionado.
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