Tudo ao mesmo tempo agora: reflexões sobre o que é ser mochileiro



Quase todo mundo já passou por isso: São seis horas da tarde. Você está no seu carro sem ar-condicionado e sem aparelho de som. Com pressa de chegar sabe Deus aonde, um carro ultrapassa o sinal fechado e bate em outro. Pronto. Está instalado o caos! Todos buzinam ao mesmo tempo. Ninguém anda. Você, impaciente, tamborila os dedos no volante. Mexe os pés nervosamente. Acelera, freia, pára. Afrouxa o nó da gravata. Desabotoa os primeiros botões da camisa. Pensa o quanto queria chegar em casa e tomar um bom banho. Pensa nas coisas que tem que fazer. Depois de quase uma hora de acelera, freia, pára, sem quase sair do lugar, você, já sem camisa, suando em bicas, começa a pensar na vida. Na sua casa, no seu chefe, no seu trabalho, na sua rotina. Nas milhares de coisas que tem pra fazer, nas coisas que não deveria ter feito e, finalmente, nas coisas que poderia fazer. Essa era mesmo a vida que você queria?
Se você não tem carro, piorou. Ainda não experimentei sensação pior do que a de estar na hora do rush dentro de um ônibus lotado. Inferno é uma palavra insuficiente para descrever tal suplício. As pessoas estão cansadas, estressadas, igualmente doidas pra chegar nas suas casas. Respirar é difícil. Sentar então, impossível. É nessas ocasiões que o mau humor e a falta de educação costumam aflorar. E você ali, no meio de tudo isso, preso entre a roleta e uma mulher de mais ou menos 110 quilos.
Quer ver outra situação que é de chorar? Fila de banco. Você come um cachorro-quente em três minutos e corre pro banco porque só tem uma hora de intervalo de almoço no seu trabalho. Chegando lá, você se posiciona no rabo do caracol que é o formato da fila em que você se encontra. E fica ali, do mesmo jeito, mexendo as mãos, batendo os pés, amaldiçoando o office boy que chegou com uma mala de correspondências para pagar. Amaldiçoando a única atendente que demora minutos intermináveis com cada pessoa. Amaldiçoando a si próprio por não ter pedido a sua irmã grávida que fosse ao banco pra você.
São em momentos simples e críticos como esses, quando saem do engarrafamento, descem do ônibus lotado ou chegam no trabalho atrasado depois de sair do banco, que certas pessoas se sentem tentadas a mudar de vida. Eu preciso mesmo disso? Elas se perguntam.
Na hora da crise, cada um reage de uma forma. Alguns relevam e esquecem assim que deitam na cama e assistem televisão. Outros pensam na possibilidade de não vender as férias da próxima vez.
Mas existe, um grupinho muito particular de pessoas que simplesmente não atura esse tipo de coisa. Eles são extremamente sensíveis à rotina e estresses do cotidiano. Simplesmente não suportam viver assim.
A solução para eles é colocar uma mochila nas costas e pegar o próximo avião. Ou trem. Ou barco. Ou ônibus. Ou carona. Enfim... eles vão.
Mas porque eles reagem assim? Bem... para entender isso, acompanhe os próximos posts.
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