Fazendo a diferença



Isabella Lucy Bird era inglesa e nasceu em 1831. Ela sempre teve um problema com doenças. Vivia doente, a coitada. Depois de um tempo, descobriu que parte de suas doenças estavam na cabeça. Isso porque sempre que estava fazendo algo de que gostava muito, raramente passava mal. Não pegava nem resfriado.
Quando Isabella completou 23 anos, seu pai Edward, lhe deu 100 libras para ela visitar parentes na América. Ela poderia ficar até o seu dinheiro acabar. Essa viagem lhe rendeu o seu primeiro livro “A inglesa na América”, que foi publicado em 1856.
O presente de Edward mudou a vida de Isabella Bird. No ano seguinte ela foi para o Canadá e para a Escócia e descobriu que o que a deixava mal mesmo era morar na Grã-Bretanha.
 Anos depois, quando sua mãe faleceu, ela se pôs a excursionar pelo mundo na tentativa de não ir morar com sua irmã, Henrrieta. O problema era que Bird não suportava a idéia de ter uma vida doméstica como a de Henrrieta e também  adorava escrever.
Solução: catou suas coisas, pegou blocos de papel e se mandou para o lugar onde se sentia mais a vontade – o mundo. Muitas de suas obras foram feitas a partir de cartas que ela escreveu para a Irmã.
Nossa viajante deixou a Grã-Bretanha em 1872. Foi para a Austrália, não gostou. Aí partiu para o Havaí e publicou seu segundo livro. Então, mudou-se para o Colorado. No ano seguinte cobriu mais de 800 milhas nas Montanhas Rochosas.
Ela se vestia de forma prática, como uma pessoa que pratica equitação e a idéia do casamento nunca a agradou. Obviamente deslocada de seu tempo, onde as mulheres “deveriam” apenas cuidar do marido e dos filhos, muitas vezes foi tratada pelos jornais como masculina e excêntrica.
Sem dar a mínima para os comentários, ela seguiu viajando pelo Japão, China, Vietnã, Singapura e Malásia.
Casou-se apenas uma vez, mas a união durou pouco. Então resolveu estudar medicina e seguiu viajando como missionária. Com quase 60 anos e com a saúde já abalada ela viajou para a Índia.
Em suas missões, cruzou lugares como Tíbete, Pérsia, Curdistão, Turquia, Bagdá e Teerã.
Em 1892, suas façanhas finalmente foram reconhecidas e ela se tornou a primeira mulher aceita na Royal Geographical Society, uma instituição que, até então, reunia apenas homens exploradores.
Sua jornada final foi cruzando os rios Yangtze e Han, na China e na Coréia, respectivamente. Depois foi para o Marrocos e faleceu em Edimburgo, em 1904, pouco antes de seu retorno com 73 anos. Ela ainda planejava uma segunda viagem à China.
Isabella Lucy Bird destacou-se porque se recusou a viver areando panelas e trocando fraldas numa sociedade que ainda era predominantemente patriarcal.
A Royal Geographical Society declarou sobre ela, como forma de protesto à sua admissão: “Uma dama exploradora? Uma viajante de saias? Noções um tanto quanto angelicais: deixe-as onde estão ocupadas com bebês, ou emendando nossas camisas rasgadas. Mas elas não devem, não podem e não serão geográficas”.
Fez a diferença porque os escritos sobre suas aventuras eram mais subjetivos que os dos homens e porque seus registros não eram documentos oficiais e sim cartas e diários. Fez a diferença por ter inspirado e aberto as portas para muitas damas que tinham o mesmo anseio. Fez a diferença por ser, acima de tudo, uma mulher geográfica.

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