Mulheres viajantes – explorar o mundo também é coisa de mulher



Pesquisando sobre os primeiros viajantes a explorar nosso querido globo terrestre percebi que pouca atenção é dispensada para as primeiras viajantes a realizar o mesmo feito. Para corrigir esse enorme erro fui pesquisar a respeito. Achei um texto muito interessante no blog da Meg Mamede que citava uma reportagem na revista espanhola Mercúrio publicada em março de 2009.
 O texto, da autoria de Cristina Morató intitulado “Trotamundos olvidadas”, que pode ser traduzido como Viajantes esquecidas, fala sobre a primeira mulher a percorrer o mundo e escrever seus relatos e sobre tantas outras, que por muitos anos tiveram seus feitos literalmente esquecidos e ocultados das páginas da História. Achei muito interessante para minha pesquisa e mais importante ainda compartilhar.
 “O primeiro livro de viagens da língua espanhola foi escrito por uma religiosa,  no século IV.  A intrépida Egeria, em meados do ano 381, partiu de Constantinopla até Jerusalém disposta a venerar os lugares santos. Durante três anos inteiros, percorreu sozinha Egito, Alexandria, Sinai e todos os lugares bíblicos que estavam ao seu alcance.Durante sua aventura, Egeria escreveu às suas companheiras da Espanha, uma série de cartas onde descreveu com um estilo direto e espontâneo, tudo quanto viam seus assombrados olhos.  Em 1844, as cartas de Egeria, conhecidas como “Peregrinação ou Itinerário” vieram à luz e os leitores descobriram com surpresa que este relato, com grande quantidade de detalhes e valiosas descrições havia sido escrito por uma mulher. A viagem de Egeria é um livro extraordinário e um percurso pelos lugares mais simbólicos da Terra Santa visto pelos olhos de uma mulher de meia idade, audaz e cheia de curiosidade. Um texto sensível onde a autora narra sua épica travessia sem mencionar os perigos nem os incômodos que teve que enfrentar. Nem se quer dá importância ao fato de que possivelmente não regressasse com vida de sua viagem”.
A reportagem nos esclarece que assim como Egeria, um grande número de mulheres explorou o mundo, embora a História, naquela época escrita apenas por homens, tenha ocultado suas conquistas.
É claro, que elas não eram mulheres de calças largas com mochilões pendurados nas costas. Algumas vestiam espartilhos e anáguas e eram, na sua maioria, missionárias, aristocratas inglesas que muitas vezes acompanhavam os maridos exploradores e diplomatas. Porém, em muitos casos, também viajavam sozinhas escrevendo, coletando espécies e contribuindo para um conhecimento geográfico inestimável para a época.
Elas não eram loucas nem excêntricas como os homens queriam fazer crer. Ainda no século XIX, surgiam as maiores viajantes de que se tem notícia como Ida Pfeifer, Mary Kingsley e Isabella Bird. A maior parte delas era britânica, pois essa revolução esquecida se deu na Inglaterra vitoriana, “em uma época em que se acreditava que uma mulher não estava preparada nem física nem mentalmente para viajar e que o contato com os nativos selvagens corrompia a pureza de suas almas”, como nos conta Cristina.
Qualquer mulher que ousasse sair de suas funções domésticas para conhecer o mundo era, sem dó, tachada de feia, imoral e masculina.
“Essas valentes damas realizaram os primeiros estudos de campos entre tribos desconhecidas, levantaram mapas e capturaram espécies para os mais importantes museus de história do mundo. Em suas travessias, enfrentaram com grandes doses de humor – e a golpes de sombrinha- feras selvagens, canibais famintos e um clima especialmente mortal para o homem branco”.
Homens “corajosos” espalharam aos sete ventos histórias sobre suas aventuras, mas nunca contaram que, muitas vezes, eram suas esposas quem os escoltava com o fuzil na mão. Só um se salvou: o inglês Samuel Baker que admitiu que nunca chegaria ao seu destino sem a ajuda de sua jovem esposa Florence.
Uma salva de palmas para ele!
Continua...
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